2003/10/23

lá estou eu outra vez com esta coisa de "colar" aqui mensagens de correio electrónico que recebi... é "antiguita" mas...

Milagre português
«São excelentes as condições socioeconómicas em Portugal no início de 2003.» Esta é a primeira frase no último relatório da Fundação Richard Zwentzerg. Este instituto internacional dedicado aos estudos lusitanos, cujos textos só são acessíveis no DN, está exuberante sobre as perspectivas próximas do nosso país, ao contrário da generalidade dos analistas. As causas disso são surpreendentes. O volume descreve a situação em termos muito semelhantes aos habituais. Os primeiros capítulos são próximos dos homólogos nas análises da Comissão Europeia, OCDE, Banco de Portugal, etc. Refere-se que o País está em recessão conjuntural e no meio de várias dificuldades estruturais. Nos problemas de curto prazo estão o endividamento nacional, a fragilidade financeira, a subida do desemprego e da pobreza, os problemas orçamentais, as más condições internacionais. No horizonte mais longo, menciona-se a baixa produtividade, os desafios da integração europeia e a ameaça de Espanha, a falta de atenção à imigração, os problemas na educação, justiça, saúde, função pública e, em geral, os bloqueios criados pela regulamentação estatal.

É no capítulo 5 que começam as grandes diferenças. Porque, depois deste quadro negro, o relatório retira dele as melhores previsões. «Este enquadramento perspectiva a mais auspiciosa evolução dos últimos 20 anos», diz o texto. «A fundação está mesmo a preparar todos os seus recursos para documentar, pela primeira vez ao vivo e em directo, o famoso "milagre português" que tantos têm citado». As causas deste esfusiante entusiasmo vêm detalhadas logo a seguir. «Portugal só consegue grandes avanços quando as condições são completamente adversas e ninguém sabe como resolver a situação. Foi assim no século XV e XVI, quando o minúsculo Portugal construiu o primeiro império mundial contra tudo e todos, e em meados do século XVII, quando foi das poucas zonas que se libertou do esmagador poderio espanhol. Foi assim nos anos 1960 em que, apesar da guerra e da maciça emigração, bateu recordes de crescimento. Foi assim em 1975 depois do choque do petróleo, da revolução e da perda das colónias, ao conseguir consolidar a democracia. Ou em 1986, em que o País mais pobre de sempre a entrar na CEE até hoje ganhou um lugar destacado na Europa. Esses momentos são, ao mesmo tempo, as ocasiões de maior perigo e de maior realização dos portugueses.»

Mas este factor tem outra face. «Pelo contrário, quando tudo corre bem e as perspectivas são as melhores, os lusitanos caiem no desastre. Foi assim quando o império estava no auge em 1580 e se perdeu a independência, e com D. João V ao esbanjar o ouro do Brasil. Mais recentemente, foi assim no início dos anos 1970 quando apodreceu o regime, ou de 1980 a 1983 quando, confiante na democracia assegurada, gerou a recessão que quase comprometeu a adesão à Europa. Até a crise actual foi também fabricada no período dourado da economia mundial de 1995 a 2001, que Portugal aproveitou para desperdiçar a oportunidade e se perder numa montanha de endividamento, despesa pública e regulamentação.» E o texto conclui: «A causa do paradoxo é simples: os portugueses nunca planeiam, mas são geniais improvisadores. E deixam tudo para a última hora. Assim, os próximos vão ser meses difíceis. O sofrimento será mesmo grande. Mas é só nessas ocasiões que os portugueses fazem milagres.»


naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt [Retirado de Diário de Noticias, 17/03/2003 ]
já agora aproveito estar aqui para "extirpar" algo que me vai na alma... como é possível que eu seja desportivamente faccioso ao ponto de torcer por uma equipa estrangeira em detrimento duma qualquer equipa portuguesa que não seja "a minha"! de não me sentir feliz pela vitória dum clube português que não seja "o meu clube"! e não me refiro exclusivamente ao futebol mas a qualquer desporto! esta "clubite" tem crises agudas, felizmente que são esporádicas, em que até as selecções nacionais não escapam. é certo que existem "outros clubes" que, na melhor das hipóteses, não despertam atenções quanto mais reações emocionais, ou seja "tanto-faz-como-se-me-deu"! irracional! selvagem! eu sei disso tudo, mas é mais forte do que eu...
não sei se isto é muito correcto num "bloguista" mas recebi (novamente) uma mensagem de correio electrónico de que gostei e na qual me revejo:

Para quem já tem mais de 25 anos (se calhar 30 anitos)... faz pensar que até tivemos sorte.... Olhando para trás, é difícil acreditar que estejamos vivos. Nós viajávamos em carros sem cintos de segurança ou air bag. Não tivemos nenhuma tampa à prova de crianças em frascos de remédios, portas, ou armários e andávamos de bicicleta sem capacete, sem contar que pedíamos boleia.
Bebíamos água directamente da mangueira e não da garrafa. Gastámos horas a construir os nossos carrinhos de rolamentos para descer ladeira abaixo e só então descobríamos que nos tínhamos esquecido dos travões. Depois de colidir com algumas árvores, aprendemos a resolver o problema. Saíamos de casa de manhã, brincávamos o dia inteiro, e só voltávamos quando se acendiam as luzes da rua. Ninguém nos podia localizar. Não havia telemóveis. Nós partimos ossos e dentes, e não havia nenhuma lei para punir os culpados.
Eram acidentes. Ninguém para culpar, só a nós próprios. Tivemos brigas e esmurramos uns aos outros e aprendemos a superar isto. Comemos doces e bebemos refrigerantes mas não éramos obesos. Estávamos sempre ao ar livre, a correr e a brincar. Compartilhámos garrafas de refrigerante e ninguém morreu por causa disso. Não tivemos Playstations, Nintendo 64, vídeo games, 99 canais a cabo, filmes em vídeo, surround sound, telemóveis, computadores ou Internet. Nós tivemos amigos. Nós saíamos e íamos ter com eles. Íamos de bicicleta ou a pé até casa deles e batíamos à porta. Imaginem tal uma coisa! Sem pedir autorização aos pais, por nós mesmos! Lá fora, no mundo cruel! Sem nenhum responsável! Como conseguimos fazer isto?
Fizemos jogos com bastões e bolas de ténis e comemos minhocas e, embora nos tenham dito o que aconteceria, nunca nos caíram os olhos ou as minhocas ficaram vivas na nossa barriga para sempre. Nos jogos da escola, nem toda a gente fazia parte da equipa. Os que não fizeram, tiveram que aprender a lidar com a decepção... Alguns estudantes não eram tão inteligentes quanto os outros. Eles repetiam o ano! Que horror! Não inventavam testes extras. Éramos responsáveis por nossas acções e arcávamos com as consequências. Não havia ninguém que pudesse resolver isso. A ideia de um pai nos protegendo, se desrespeitássemos alguma lei, era inadmissível! Eles protegiam as leis! Imaginem!
A nossa geração produziu alguns dos melhores compradores de risco, criadores de soluções e inventores. Os últimos 50 anos foram uma explosão de inovações e novas ideias. Tivemos liberdade, fracasso, sucesso e responsabilidade, e aprendemos a lidar com isso. Tu és um deles. Parabéns! Passem isto para outros que tiveram a sorte de crescer como crianças!


desculpem não resisti!

2003/10/03

outra coisa... deu-me que pensar o recente discurso do presidente da república em que fez uma espécie de comentário, ou crítica, ao desempenho da justiça portuguesa (ou pelo menos a alguns aspectos). não esperava que até o presidente reagisse (embora veladamente) aos mais recentes casos da justiça portuguesa (refira-se de passagem que ainda estão a "correr nos tribunais") que, por acaso, até atinjem políticos! será que justiça só piorou nos últimos dez meses ou ano, e que antes disso "tudo estava bem no reino da dinamarca"? porque será que agora existe uma espécie de pressa em rever o código penal e as normas de execução da justiça? será que o zé-ninguém que rouba umas carteiras ou o "gajo que passa" umas gramas valentes de droga e que devem "pagar" pelos seus crimes na directa e devida proporção (pois magoaram ou prejudicaram outras pessoas, as vítimas) têm as "atenções" da justiça ou os apoios dos deputados? será que o comum-mortal pode pagar a alguns dos advogados envolvidos no "processo casa pia" ou no "processo da moderna"? estarão todos os agentes da justiça conscientes da importância do seu desempenho para a consolidação da (verdadeira) democracia? será que a justiça é realmente independente do poder político? casos de justiça de porcaria e que envolvem o zé-povinho levam anos nos tribunais. em poucos meses começam e acabam os processos que envolvem alguns colunáveis ou, então, levam anos. tantos que os crimes prescrevem e os envolvidos permanecem intocáveis! bom, já chega.... por agora.
outra vez os fogos, mas agora é acerca da "caça às bruxas" que (felizmente) se iniciou nos meios de comunicação social portugueses (nomeadamente nas televisões). a sic, num jornal da noite (ou telejornal, ou lá como é que se chamam...), revelou que um helicóptero, "alugado" a uma empresa privada pelo estado português, para o combate aos incêndios fazia "passeios turísticos" com conhecidos/amigos do comandante da corporação a que o heli estava adstrito. sou-se depois que, afinal, era depois das horas de trabalho e que o piloto se teria disponibilizado para tal. por essa altura num jornal da noite na tvi (não sei se chama assim mas não interessa) impressionou-me! duma assentada apresentaram vários casos, que de norte a sul, espelham as relações (muito, demasiado, ilegalmente) promíscuas que existem entre corporações de bombeiros e empresas cujo objecto de negócio está relacionado com o fogo. para além de estar claro na lei que não podem, os comandantes por exemplo, participar em actos comerciais que envolvam as corporações parece-me evidente que eticamente também não é muito correcto! obviamente também não colhem om argumentom de que são só uns trocados, uns negócios de ninharias, de bagatelas, ou então de que quem decide as compras são as admnistrações das associações de bombeiros e não os visados.
ora bem, isto não me parece bem! mesmo que tudo (ou parte) não seja ilegal, é vergonhoso! e não me venham com "sim, mas são coisas pequenas!" ou "pois, mas agora pagam os justos pelos pecadores" e outros provérbios que tais!! independentemente da necessidade de se prestar o serviço público em tempo útil e nas melhores condições, e de todos sabermos que nem sempre se cumprem as (talvez muitas?) normas de conduta e/ou execução de tarefas no sector público e actividades conexas, isto não abona a favor dos "agentes do estado".