... desabafos. alguns sem pensar... outros pensados demais... muita parvoíce também... eboesteves@gmail.com
2006/12/12
muitas empresas, instituições, organizações, etc. "vivem" assim: comprometendo-se em "acudir a todos os fogos", sempre com eficiência e que no final os resultados são garantidos!
a ponderação inicial de uma estratégia adequada (em tempo útil e ainda que sujeita a alterações e contemplando "planos b, c, ...") e a consequente planificação (realista) da sua concretização seriam um factor de desenvolvimento! mas como, se as "regras do jogo" resultantes das sucessivos medidas/progamas/projectos/planos que, todos os dias, são apresentadas estão constantemente a mudar...
2006/12/05
2006/11/24
a "cena" começou em 1999 mas há apenas uns 2/3 anos é que se começou a falar "em público" e só no último ano (ano e meio) é que, legalmente, começaram a "acontecer coisas" nesse âmbito!
julgo, também, que se vai aproveitar esta "revolução" para fazer uma "limpeza" do ensino superior (e.s.) em moldes e com critérios (muito) duvidosos, designadamente pela tentativa de, em pouco tempo, "americanizar" o e.s. (numa estratégia "do 8 para o 80" tão vulgar em portugal).
a estratégia de "concentrar esforços" sugerida àquelas instituições do e.s. em maiores dificuldades (em termos de nº alunos, orçamento, etc.) é, se calhar, totalmente lógica do ponto de vista empresarial/económico mas só serve para concentrar, ainda mais, o que já está demasiadamente concentrado em 3/4 centros.
a implementação duma atitude competitiva no seio do e.s. é, na minha opinião, uma belíssima medida - falta saber quem é que tem de ser competitivo: os "docentes do quadro" ou os "contratados", uma silenciosa maioria, particularmente no e.s. politécnico, cujos contratos "duram" 1/2 anos e que por exemplo não tem direito ao subsídio de desemprego (como todos os outros trabalhadores têm) independentemente do tempo que leccionou no e.s. eu sei que esta última medida ajuda a "fidelização aos superiores" e a "vontade de trabalhar" mas...
a empresarialização (não sei se existe a palavra, contudo este é meu blogue por isso...) do e.s. terá consequências positivas ao nível financeiro (e, admito, não só a esse nível!?!?) mas, num país em que (genericamente) o grau académico é visto como um grau de "lanzeira" (outra palavra que não sei se existe...), será a melhor maneira de nivelar por baixo o e.s. - "pra quê um mestrado!?!?" e o doutoramento é visto como "uma cena" demasiado "à frente" e que só acrescenta "custos"!
bem, se calhar já chega... carpe diem (ou "safem-se!").
2006/10/24
CARTA ABERTA AO ENGENHEIRO JOSÉ SÓCRATES
Esta é a terceira carta que lhe dirijo. As duas primeiras motivadas por um convite que formulou mas não honrou, ficaram descortesmente sem resposta. A forma escolhida para a presente é obviamente retórica e assenta NUM DIREITO QUE O SENHOR AINDA NÃO ELIMINOU: o de manifestar publicamente indignação perante a mentira e as opções injustas e erradas da governação.
Por acção e omissão, o Senhor deu uma boa achega à ideia, que ultimamente ganhou forma na sociedade portuguesa, segundo a qual os funcionários públicos seriam os responsáveis primeiros pelo descalabro das contas do Estado e pelos malefícios da nossa economia. Sendo a administração pública a própria imagem do Estado junto do cidadão comum, é quase masoquista o seu comportamento. Desminta, se puder, o que passo a afirmar:
1.º Do Statics in Focus n.º 41/2004, produzido pelo departamento oficial de estatísticas da União Europeia, retira-se que a despesa portuguesa com os salários e benefícios sociais dos funcionários públicos é inferior à mesma despesa média dos restantes países da Zona Euro.
2.º Outra publicação da Comissão Europeia, L´Emploi en Europe 2003, permite comparar a percentagem dos empregados do Estado em relação à totalidade dos empregados de cada país da Europa dos 12. E o que vemos? Que em média nessa Europa 25,6 por cento dos empregados são empregados do Estado, enquanto em Portugal essa percentagem é de apenas 18 por cento. Ou seja, a mais baixa dos 12 países, com excepção da Espanha. As ricas Dinamarca e Suécia têm quase o dobro, respectivamente 32 e 32,6 por cento. Se fosse directa a relação entre o peso da administração pública e o défice, como estaria o défice destes dois países?
3º. Um dos slogans mais usados é do peso das despesas da saúde. A insuspeita OCDE diz que na Europa dos 15 o gasto médio por habitante é de 1458. Em Portugal esse gasto é . 758. Todos os restantes países, com excepção da Grécia, gastam mais que nós. A França 2730, a Austria 2139, a Irlanda 1688, a Finlândia 1539, a Dinamarca 1799, etc.
Com o anterior não pretendo dizer que a administração pública é um poço de virtudes. Não é. Presta serviços que não justificam o dinheiro que consome. Particularmente na saúde, na educação e na justiça. É um santuário de burocracia, de ineficiência e de ineficácia. Mas infelizmente os mesmos paradigmas são transferíveis para o sector privado. Donde a questão não reside no maniqueísmo em que o Senhor e o seu ministro das Finanças caíram, lançando um perigoso anátema sobre o funcionalismo público. A questão reside em corrigir o que está mal, seja público, seja privado. A questão reside em fazer escolhas acertadas. O Senhor optou pelas piores . De entre muitas razões que o espaço não permite, deixe-me que lhe aponte duas:1.º Sobre o sistema de reformas dos funcionários públicos têm-se dito barbaridades . Como é sabido, a taxa social sobre os salários cifra-se em 34,75 por cento (11 por cento pagos pelo trabalhador, 23,75 por cento pagos pelo patrão). OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS PAGAM OS SEUS 11 POR CENTO! Mas O SEU PATRÃO ESTADO NÃO ENTREGA MENSALMENTE À CAIXA GERAL DE APOSENTAÇÕES, COMO LHE COMPETIA E EXIGE AOS DEMAIS EMPREGADORES, os seus 23,75 por cento. E é assim que as "transferências" orçamentais assumem perante a opinião pública não esclarecida o odioso de serem formas de sugar os dinheiros públicos. Por outro lado, todos os funcionários públicos que entraram ao serviço em Setembro de 1993 já verão a sua reforma ser calculada segundo os critérios aplicados aos restantes portugueses. Estamos a falar de quase metade dos activos. E o sistema estabilizará nessa base em pouco mais de uma década. Mas o seu pior erro, Senhor Engenheiro, foi ter escolhido para artífice das
iniquidades que subjazem á sua política o ministro Campos e Cunha, que não teve
pruridos políticos, morais ou éticos por acumular aos seus 7.000 Euros de salário, os 8.000 de uma reforma conseguida aos 49 anos de idade e com 6 anos de serviço. E com a agravante de a obscena decisão legal que a suporta ter origem numa proposta de um colégio de que o próprio fazia parte.
2.º Quando escolheu aumentar os impostos, viu o défice e ignorou a economia. Foi ao arrepio do que se passa na Europa. A Finlândia dos seus encantos, baixou-os em 4 pontos percentuais, a Suécia em 3,3 e a Alemanha em 3,2.
3º Por outro lado, fala em austeridade de cátedra, e é apologista juntamente com o presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, da implosão de uma torre (Prédio Coutinho) onde vivem mais de 300 pessoas. Quanto vão custar essas indemnizações, mais a indemnização milionária que pede o arquitecto que a construiu, além do derrube em si?
4º Por que não defende V. Exa a mesma implosão de uma outra torre, na Covilhã ( ver ' Correio da Manhã ' de 17/10/2005 ) , em tempos defendida pela Câmara, e que agora já não vai abaixo? Será porque o autor do projecto é o Arquitecto Fernando Pinto de Sousa, por acaso pai do Senhor Engenheiro, Primeiro Ministro deste país?
Por que não optou por cobrar os 3,2 mil milhões de Euros que as empresas privadas devem à Segurança Social?
Por que não pôs em prática um plano para fazer a execução das dívidas fiscais pendentes nos tribunais Tributários e que somam 20 mil milhões de Euros?
Por que não actuou do lado dos benefícios fiscais que em 2004 significaram 1.000 milhões de Euros?
Por que não modificou o quadro legal que permite aos bancos , que duplicaram lucros em época recessiva, pagar apenas 13 por cento de impostos?
Por que não renovou a famigerada Reserva Fiscal de Investimento que permitiu à PT não pagar impostos pelos prejuízos que teve no Brasil, o que, por junto, representará cerca de 6.500 milhões de Euros de receita perdida?
A Verdade e a Coragem foram atributos que Vossa Excelência invocou para se diferenciar dos seus opositores. QUANDO SUBIU OS IMPOSTOS, QUE PERANTE
MILHÕES DE PORTUGUESES GARANTIU QUE NÃO SUBIRIA, FICÁMOS TODOS ESCLARECIDOS SOBRE A SUA VERDADE. QUANDO ELEGEU OS DESEMPREGADOS, OS REFORMADOS E OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS COMO PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE COMBATE AO DÉFICE, PERCEBEMOS DE QUE TEOR É A SUA CORAGEM.
Santana Castilho (Professor Ensino Superior)
2006/09/27
2006/07/14
2006/06/14
tanto a nível nacional (admnistração central) como das instituições de ensino superior tudo me parece (muito) confuso e atabalhoado - embora eu compreenda os objectivos gerais e a "agenda escondida" do processo.
de facto, a diminuição do nº candidatos ao ensino superior, a precaridade do vínculo laboral da maíoria do corpo docente, a falta de alternativas (concretas e viáveis) de trabalho para pessoas (sobre)qualificadas, a "importância" das ordens e associações profissionais e as diferenças na respectiva abordagem "da cena", entre outros factores, deturpam e muito todo o desenrolar do processo de bolonha.
2006/05/08
eu percebo que o "choque tecnológico" e a definição das "novas fronteiras da ciência e conhecimento" são uma necessidade (imperiosa) do país, mas onde ficam os desenvolvimentos e inovação relacionados com as actividades de produção: a agricultura ou a pesca (temos uma zee como muitos países sonhavam nos seus mais "wildest dreams"...). produzir conhecimento (na física, nanotecnologias, génetica, etc.) é cientificamente interessante mas ao longo dos últimos 20 ou 30 anos fez-se tudo o que se podia para "rebentar" com o país produtivo... ao invés do país "serviçal".
2006/04/28
2006/03/31
«Para quê um Estado promotor e único, monopolista, e não questionado, em vez de um Estado regulador e fiscalizador da qualidade da Educação?»
«O que vemos são as universidades a andar em marcha lenta, enquanto que os empresários e a vida andam em marcha acelerada»
«Estado a mais no Ensino, enquanto que a sua qualidade tem baixado sistematicamente ao longo dos anos»
«O que interessa é estimular a liberdade de ensino, tanto pública, como privada, mas sempre com qualidade»
«[as Universidades, estão] demasiado voltadas para dentro (...) [terão de] ser mais abertos ao mundo moderno (...), [nomeadamente, no que respeita à] mobilidade [das pessoas] entre Universidades e empresas, [as chamadas] carreiras em ziguezague»
estou de acordo com alguns dos comentários/críticas ao status quo, no entanto pergunto-me:
i) que projectos de colaboração com/investimento em universidades é que o grupo sonae está envolvido?
ii) como se garante a qualidade do ensino/investigação que uma universidade (de índole privada) promove? pelo número de ex-governantes que fazem parte do quadro docente? pelo número de patentes? pelo índice das publicações científicas? pelo número de livros editados? pelo número de conferências internacionais promovidas? faz-se de tudo isto e mais ainda!
iii) a abertura da universidade ao "mundo exterior" está, na maioria dos casos, proporcionalmente relacionada com o interesse do "mundo exterior" pela universidade! (em muitos casos, as empresas, as organizações, as associações simplesmente não estão dispostas a pagar (sim a pagar!) pelos serviços que solicitam às universidades! mas fazem-no, por vezes de forma insensata mas confiante, a "certas e determinadas" empresas.
iv) uma carreira académica (aqui, ou noutro lado qualquer do mundo) é feita com base em investigação (sensu lato). como é que, durante a estadia numa dada empresa em que se exige "dedicação total ao negócio", se promove o desenvolvimento dessa investigação que, depois, auxilia o desempenho e prosseguimento da carreira universitária? já agora, com é que a parte desse percurso que decorre no mundo académico beneficiará a posterior mudança para uma empresa (realizando trabalhos de extensão ou prestação de serviços a empresas!?).
v) a formação-ao-longo-da-vida deve ser um "princípio da vida profissional" (a responsabilidade de promover a formação é tanto da universidade como das pessoas!).
2006/03/30
2006/03/17
Já vai para 15 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca.Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante. Aqui, qualquer projecto demora 2 anos a concretizar-se, mesmo que a ideia seja brilhante e simples. É regra.Então, nos processos globais, nós (portugueses, brasileiros, americanos, australianos, asiáticos, etc.) ficamos aflitos para obter resultados imediatos, numa ansiedade generalizada. Porém, o nosso sentido de urgência não surte qualquer efeito neste país. Os suecos discutem, discutem, fazem"n" reuniões e ponderações. E trabalham num esquema bem mais "slow down". O pior é constatar que, no fim, acaba por dar tudo certo no tempo deles, com a maturidade da tecnologia e da necessidade; aqui, muito pouco se perde.
É assim: 1. O país é cerca de 3 vezes maior que Portugal; 2. O país tem 2 milhões de habitantes; 3. A sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes (Lisboa tem 1 milhão); 4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia,... 5. Para ter uma idéia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os foguetes da NASA. Digo a todos estes nossos grupos globais de trabalhadores: os suecos podem estar errados, mas são eles que pagam nossos salários.Entretanto, vale salientar que não conheço um povo, como povo mesmo, que tenha mais cultura coletiva do que eles.
Vou contar-vos uma breve história, só para vos dar uma noção...A primeira vez que fui para lá, em 1990, um dos colegas suecos apanhava-me no hotel todas as manhãs. Era Setembro, frio, e a neve estava presente. Chegávamos bem cedo à Volvo e ele estacionava o carro longe da porta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, uma manhã perguntei-lhe: - Você tem lugar marcado para estacionar aqui? Chegamos sempre cedo, o estacionamento está vazio e você deixa o carro à ponta do parque. Ele respondeu-me, simples, assim: - É que, como chegamos cedo, temos tempo de andar. Quem chegar mais tarde já vem atrasado, precisa mais de ficar perto da porta. Você não acha?Nesse dia, percebi a filosofia sueca de cidadania!
2006/03/15
2006/03/14
"De acordo com O Correio da Manhã, Maria Monteiro, filha do antigo ministro António Monteiro e que actualmente ocupa o cargo de adjunta do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros vai para a embaixada portuguesa em Londres. Para que a mudança fosse possível, José Sócrates e o ministro das Finanças descongelaram a título excepcional uma contratação de pessoal especializado. Contactado pelo jornal, o porta-voz Carneiro Jacinto explicou que a contratação de Maria Monteiro já tinha sido decidida antes do anúncio da redução para metade dos conselheiros e adidos das embaixadas. As medidas de contenção avançadas pelo actual governo, nomeadamente o ongelamento das progressões na função pública, começam a dar frutos. Os sacrifícios pedidos aos portugueses permitem assegurar a carreira desta jovem de 28 anos que, apesar da idade, já conseguiu, por mérito próprio e com uma carreira construída a pulso, atingir um nível de rendimento mensal superior a 9000 euros. É desta forma que se cala a boca a muita gente que não acredita nas potencialidades do nosso país, os zangados da vida que só sabem criticar a juventude, ponham os olhos nesta miúda [apesar das minhas três dioptrias vou-me esforçar, e muito, para aprender!]. A título de curiosidade, o salário mensal da nossa nova adida de imprensa da embaixada de Londres daria para pagar as progressões de 193 técnicos superiores de 2ª classe, de 290 Técnicos de 2ª classe ou de 290 Assistentes Administrativos [gentalha]. O mesmo salário daria para pagar os salários de, respectivamente, 7, 10 e 14 jovens como a Maria, das categorias acima mencionadas, que poderiam muito bem despedir-se, por força de imperativos orçamentais. Estes jovens sem berço, que ao contrário da Maria tiveram que submeter-se a concurso, também ao contrário da Maria já estão habituados a ganhar pouco e devem habituar-se a ser competitivos [e o resto é conversa]. A nossa Maria merece. Também a título de exemplo, seriam necessários os descontos de IRS de 92 portugueses com um salário de 500 Euros a descontar à taxa de 20%. Novamente, a nossa Maria merece."
ps-os parêntesis são da minha responsabilidade.
2006/02/10
2006/02/09
ps-não fosse o petróleo (e principalmente a dependência do ocidente do crude dos seus derivados) e, se calhar, as coisas eram diferentes!?
2006/02/08
ps-obrigado pela menção "honrosa".